domingo, 30 de setembro de 2012

Mulheres, cuidado! Estamos dentro dos seus cérebros!!


Publicado anteriormente em calmaria&tempestade em: Mulheres, cuidado! Estamos dentro dos seus cérebros!!

Não, isso não é exatamente uma metáfora, mas a constatação que DNA de células masculinas, muito provavelmente advindos de um feto gestado ou de irmãos gêmeos que compartilharam um útero, são frequentemente encontrados nos cérebros de mulheres [1]. Esta interessante descoberta foi divulgado no dia 26 de setembro, em artigo da revista PLoS ONE  [2].
Este artigo é a primeira vez que cientistas demonstram o fenômeno chamado de microquimerismo e, células do cérebro humano. O microquimerismo oc0rre quando células originadas em um indivíduo integram-se os tecidos do outro, neste caso específico no cérebro humano [1].
Essa não é a primeira vez, entretanto, que, em nós seres humanos, este fenômeno de microquimerismo adquirido naturalmente foi observado. Em outros tecidos e órgãos, diferentes do cérebro, isso já havia sido constatado. O microquimerismo fetal, bem como a origem materna havia recentemente sido relatada nos cérebros de camundongos. No estudo publicado pela revista PloS One, os cientistas conseguiram quantificar DNA masculino no cérebro humano feminino, como um marcador para microquimerismo de origem fetal, ou seja, a aquisição por parte de um mulher de DNA masculino enquanto estivesse gestando um feto masculino [2]
Os pesquisadores, usando o gene específico do cromossomo Y DYS14 como marcador e empregando a técnica de PCR quantitativo em tempo real em amostras de cérebro autopsiados de 26 mulheres sem evidências clínicas ou patológicas da doença neurológica e 33 mulheres que tiveram a doença de Alzheimer, conseguiram observar que 63% das mulheres, i.e, 37 das 59, testadas apresentava microquimerismo masculino em seus cérebros, estando este marcador presente em várias regiões dos seus cérebros [2].
De acordo com os autores do trabalho, estes dados sugerem, entretanto, uma prevalência menor (p = 0,03) e também menor concentração (p = 0,06), ainda que neste caso as diferenças sejam estatisticamente insignificantes, do microquimerismo masculino em cérebros de mulheres com a doença de Alzheimer do que nos cérebros das mulheres sem esta patologia [2].
Os pesquisadores não tem ideia se estas correlações querem dizer algo a mais. Como explica William Burlingham, da Universidade de Wisconsin, que se especializou em cirurgia de transplante estuda o microquimerismo no contexto da tolerância imunológica, e que não estava envolvido no estudo publicado no PloS One [1].
“É uma correlação”, “Mas, como um monte de coisas no campo de microquimerismo, você não sabe exatamente o que a correlação significa ainda.” [1]
O próximo passo da pesquisa de acordo com J. Lee Nelson, a pesquisador sênior responsável pelo artigo, é avaliar o microquimerismo no cérebro fetal e investigar caso as células microchimericas estabelecem ou não células funcionais nos cérebros dos indivíduos em formação [1].
Estes resultados sugerem fortemente que este não é um fenômeno raro, na verdade o microquimerismo masculino parece ser frequente e amplamente distribuído nos cérebros das mulheres [2].
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Referências:
  1. Mole, Beth Marie Swapping DNA in the Womb The Scientist News & Opinion September 27, 2012
  2. Chan WFN, Gurnot C, Montine TJ, Sonnen JA, Guthrie KA, et al. (2012) Male Microchimerism in the Human Female Brain. PLoS ONE 7(9): e45592. doi:10.1371/journal.pone.0045592

    Credito das Figuras:
    MARIA TEIJEIRO/SCIENCE PHOTO LIBRARY

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